quarta-feira, 31 de março de 2010

Há quem diga que

O amor não se define, se sente. E ele não pode ser superado.
Tentamos toda a vida ter uma certeza quase impossível, que em um ponto se mostra real para que saibamos o que é mesmo que sentimos.
O que mais podemos pedir em preces é a ausência da dor e o que queremos diante disso é aproveitar o melhor desse amor.

E o que é o amor, senão querer a felicidade ao lado do outro, compartilhando tudo a todo instante e acima de tudo, ver o outro feliz?

Mas nem tudo pode se resolver com preces. Porque essa dor não vem dos anjos e de Deus, ela vem de se ver que não se é a felicidade do outro, que não vem na mesma medida que vai o que se sente.
Daí parte a idéia desse texto, que o amor não se demonstra pelo estado entre os dois, mas pelo que se deseja de bom e que se faz para o outro ser completamente feliz.
Eu amo. Absolutamente eu amo. Disso não há dúvidas.
Quero saber em que estado quem eu amo estará melhor.
Dez ou mil anos fazem diferença quando se trata de amizade. E torna-se a amizade algo de peso 2.
E isso vem para quebrar o que eu disse no início do texto.
O amor pode sim ser superado por um sentimento, o medo.
Não querer correr o risco de perder quem se ama pela própria falta de maturidade que se tem ainda, é um medo que supera em tamanho o amor às vezes.
Reconhecer as falhas é apontar para o crescimento.
Diante de algumas situações, eu ainda sou imaturo. Reconheço.
Mas tenho a maturidade de reconhecer isso e o que isso pode ser na minha e na sua vida.

Amadurecendo..

terça-feira, 16 de março de 2010

E no fim...


Certo dia no hospital, pude observar uma mulher em estado terminal
Cercada por uma tradicional família.
Daquelas que não desatam seus nós por nada nesse mundo
Mas não me ative na família, vi apenas o reflexo do que a tradição fizera naquela jovem mulher
Pude ver por um momento breve... Seu último...

E lá estava ela, absorta no esplendor do rio
que corria num curso tão óbvio e previsível que ela quis seguir.
Mas não pôde, pois estava de pés e mãos atadas. 
A mata ao seu redor a torturava com os sussurros e silêncio mais absurdos.

Ela viu os pássaros e outros animais cantando de repente e quis cantar também
eles cantam com tanta convicção que ela quis poder cantar também, 
Mas não pôde, pois as mordaças lhe impediam

Subitamente o espanto por um galho que se parte ao longe
E o chamado acontece. Ela sabe do que se trata. Apenas ela deve ouvir.
E ela se desespera, debatendo-se contra o próprio corpo, longe de si
Ela quer apenas se libertar daquilo tudo que a prende diante da liberdade
Ela quer desfazer todo o sofrimento que sente e poder se sentir leve novamente,
Como quando veio ao mundo.

Até que enfim, em meio a selva que a cercava e ao mundo paralelo em que vivia
Ela via a luz que procurava e ia para o lugar que a algum tempo sentia tanta necessidade de estar
Se viu livre de tudo aquilo que fazia a agonia existir, 
E pôde sentir uma vez na vida, na última, a sensação de sentir.

Saí dali enquanto todos debruçavam-se sobre ela e não me recordo bem da cena,
Mas não houve alegria maior para se comemorar do que a dela
Toda a tristeza, ela deixou como herança aos que ajudaram a fazê-la triste

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ciclo


                        
... e querer você 
Como se fosse do íntimo véu da vida
Cobrindo os longos fios que ela possui
Todos eles reluzentes.
Como se fosse algo além,
O que se pede, confunde-se
Com o que se nega cedendo
Mas ao certo não se pode saber
Como vou levar a vida...

por Marcelo van Petten